30 de set. de 2015

Leitura e escrita na pré-escola


Garantir a leitura e a escrita do nome próprio e dos colegas

 

Aos 4 e 5 anos, os pequenos estão cercados por textos e têm muitas ideias sobre a língua escrita. Foto: Silvia Zamboni e Marcelo Almeida
As crianças leem os nomes dos ajudantes do dia e escrevem os seus nas atividades

Na CEI Cachinhos de Ouro, em Joinville, a 176 quilômetros de Florianópolis, Vanessa dos Santos Araújo faz questão que sua turma, de 4 anos, aprenda a escrever o nome próprio e o de alguns colegas. Há vários momentos de reflexão na rotina: "Durante a chamada, procuramos comparar os nomes de cada um". Fichas identificam os materiais pessoais e são usadas para eleger o ajudante do dia. Uma das meninas olhou para o nome sorteado e anunciou: "É a Isabela!". Quando questionada sobre como tinha chegado àquela conclusão, a pequena disse que começava com "I" e terminava com "A", observação comum nessa faixa etária e que pode ser explorada para fazer comparação entre nomes. Assim, a criança passa a refletir sobre quantidade e sequência de letras. Para aprofundar a reflexão, os pequenos escreveram com letras móveis e, muitas vezes, usavam as fichas da chamada como referência.

Por que é importante O nome próprio exprime a diferença e a identidade de cada um. Quando pensamos em uma aprendizagem da linguagem escrita que enxerga a criança como protagonista, é natural utilizar o que a define em primeira instância. No ambiente escolar, o nome serve para marcar os objetos de uso pessoal. Além disso, costuma ser a primeira forma de escrita estável dotada de significado para os pequenos. A leitura e a escrita do próprio nome e dos colegas é um excelente ponto de partida para refletir sobre o sistema de escrita.

Atenção! Se a ideia é que a criança reflita sobre a escrita do nome, suas letras iniciais e finais, a presença de fotografias e desenhos pode desviar a atenção e servir como identificador, subutilizando a escrita.

Dar oportunidade para escrever, interpretar e rever


Aos 4 e 5 anos, os pequenos estão cercados por textos e têm muitas ideias sobre a língua escrita. Arquivo pessoal/Maria Aparecida Gonçalves e Silvia Zamboni
Após dois momentos de escrita, os pequenos leem o que escreveram e fazem modificações

A professora Maria Aparecida Gonçalves da Cruz, da EM Virgilio Pedreira, em Tapiramutá, a 350 quilômetros de Salvador, propôs situações interessantes para crianças de 5 anos. Após uma pesquisa sobre insetos, elas confeccionaram um jogo da memória. Para começar, foi feita uma votação para eleger quais animais, entre aqueles sugeridos pelos pequenos, estariam no jogo. Foram escolhidos seis, como formiga, borboleta e joaninha. Então, a professora deu uma cartela de cada inseto para que as crianças escrevessem individualmente como quisessem. Um menino escreveu BLT para borboleta. No dia seguinte, foi distribuída a segunda cartela para escrita dos insetos. O mesmo garoto escreveu BLTA. Em seguida, a docente entregou as duas fichas para cada criança e pediu que comparassem e lessem o que escreveram. "Está faltando o ‘A’ nesse", disse ele, que quis modificar a escrita da primeira ficha. Ao pedir que relesse, apontou com o dedinho e leu: "Borboleta. Está bom, professora".

Por que é importante Ler o que se escreveu, com a oportunidade de alterar o escrito, permite que os pequenos percebam problemas na escrita que só aparecem claramente na revisão. Ao comparar a maneira como escreveram a mesma palavra em dois momentos, recorrem a o que os levou a cada uma das formas de escrita e, às vezes, conseguem uma terceira opção, sem a obrigação de chegar à escrita convencional.

Atenção! Lembre-se de que as crianças constroem a ideia de que para se escrever alguma coisa é preciso de, no mínimo, três letras. Então, a escrita de dissílabos e monossílabos pode ser fonte de conflitos.

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