Bom dia pessoal, gostaria de compartilhar com vocês uma matéria bem interessante para quem trabalha na educação infantil. Vale a pena ler! ;)
Entender o que vai acontecer durante o dia dá segurança às crianças e ajuda a desenvolver sua autonomia (foto: Young World CLC) |
Em 2014, fiz um estágio em um jardim de infância Montessori – e, durante aqueles meses, pude entender como a rotina é essencial tanto para o aprendizado quanto para o desenvolvimento da autonomia das crianças. Todos os dias, ao chegar na escola, elas guardavam suas mochilas (que eram instruídas a carregar por conta própria, sem auxílio dos pais ou babás) e iam para a “Sala Grande”. Às oito da manhã, uma das professoras chamava a atenção da criançada com uma música; então, após dois ou três minutos de danças e cantorias, era hora de sentar em círculo e começar a primeira atividade daquela manhã.
As crianças montavam o calendário (um
enorme cartaz de EVA em formato de trenzinho com espaço para o dia, mês,
ano e dia da semana) e conferiam como estava o clima lá fora. Isso
enquanto revisavam os meses do ano e os dias da semana através de
cantigas. Enfim, era hora de conversar sobre o tópico da semana, que
podia ser alimentação saudável, um festival que estivesse acontecendo na
cidade ou mesmo algo sugerido pelos alunos, como “aviões”.
Nesse
momento, eles podiam levantar a mão para falar, contar suas histórias e
fazer perguntas, o que gerava uma interação muito rica entre crianças de
2 a 7 anos. Finalmente, todos eram dispensados para ir, junto aos seus
professores, realizar as atividades pertinentes a cada classe.
Essa rotina pode não ser a mesma
realizada na sua escola – e nem as rotinas escolares na Educação
Infantil deveriam ser todas iguais. Se as crianças rezam, cantam,
conversam ou escutam uma história deve ser definido por cada equipe
pedagógica. O importante é que haja uma rotina, uma ordem a ser seguida.
Por que a rotina é importante?
A rotina proporciona uma sensação de
segurança. Mesmo em casa, a criança exposta a uma rotina fica mais
tranquila porque sabe o que acontecerá em seguida. Na escola, um
ambiente em que ela naturalmente se sente menos protegida, que costuma
ser o primeiro local de socialização fora da família, isso é ainda mais
urgente.
Quando sua turma entende que, após a
hora da história, todos irão cochilar e que, depois do cochilo, chega o
momento de usar os lápis de cor, a ansiedade diminui. Ela se sente no
controle da situação. Cultive essa noção de segurança repetindo
comportamentos e expressões sempre nos mesmos momentos – como sempre
começar o dia dizendo “Bom dia, amiguinho, como vai?” ou ir ao banheiro
após falar “Hora de lavar as mãos com bastante sabão”, fazendo o gesto
de esfregar as mãos uma na outra.
Como consequência, a rotina ajuda no
desenvolvimento da autonomia das crianças na Educação Infantil. Afinal,
elas passam a conhecer os espaços, trajetos e atividades realizadas,
sentindo-se mais confortáveis em agir com independência: guardando
brinquedos ou materiais na prateleira, porque eles sempre estão lá, ou
buscando a lancheira após entregar o desenho para a professora, já que
elas sempre vão para o refeitório após a aula de artes.
Conforme a classe for se familiarizando
com essa organização, o professor deve dar mais espaço para a autonomia,
deixando, por exemplo, que as próprias crianças organizem uma fila ou
escovem os dentes sem ajuda.
Todos os momentos devem ser programados?
De certa forma, sim. Isso não significa, porém, que os professores e funcionários precisem controlar tudo o que as crianças fazem durante o período escolar, mas sim que devem ter locais e atividades planejados para cada momento.
Pense no seguinte: em uma turma de
Educação Infantil com 20 crianças, nem todas sentirão sono na mesma
hora. Caso uma ou duas se recusem a dormir, o professor não pode ser
pego de surpresa – o ideal é ter uma área com livros e gibis, brinquedos
ou outros materiais que elas possam utilizar até que o resto da turma
acorde. Você não precisa elaborar uma atividade orientada, apenas
providenciar a supervisão adequada tanto dos que estão tirando uma
soneca quanto dos que estão brincando.
Uma boa programação deve incluir
um momento de chegada, com boas vindas às crianças (como a construção
do calendário que vimos acima), atividades dirigidas (aquelas que têm
maior orientação do professor, com objetivos de aprendizado definidos
previamente), atividades livres (mas sempre em um espaço delimitado e
com supervisão) e momentos de cuidado pessoal (fazer o lanche, lavar as
mãos e escovar os dentes, colocar os sapatos antes de ir para casa,
etc.) e encerramento.
É importante que a turma entenda que não
precisa chorar para sair do playground, porque vai voltar no dia
seguinte, que não precisa ter medo ao ser deixado na escola, porque os
pais sempre a buscam ao fim da rotina, e assim por diante.
Repetir os mesmos movimentos ou expressões é uma forma de garantir a rotina na Educação Infantil (foto: Especially for Children) |
Será que a minha rotina é adequada?
A rotina da Educação Infantil será estabelecida pela escola a partir das necessidades das crianças:
- As necessidades biológicas – o descanso, a alimentação e a higiene, a faixa etária;
- As necessidades psicológicas – o ritmo e o tempo de aprendizado de cada criança nas diversas tarefas realizadas;
- As necessidades sociais – a cultura e estilo de vida daquela comunidade ou daquela escola.
Lembre-se de que o foco da organização
devem ser as crianças. Não faz sentido, por exemplo, jantar às 15h para
liberar a equipe da cozinha, se os pais só buscarão os filhos às 17h ou
18h.
Os tempos entre uma atividade e outra
também devem ser observados. O ideal é que haja poucos momentos de
transição, em que os pequenos não têm nada para fazer – assim como no
caso da soneca, isso se resolve com a criação de espaços lúdicos em que
eles possam brincar enquanto não são atendidos. Um rodízio de turmas
(para que a fila na porta do refeitório não seja quilométrica ou um
pátio pequeno fique lotado além da capacidade) também pode facilitar
esse trabalho.
Acima de tudo, reparar no que as
crianças já conseguem realizar sozinhas vai ajudar muito na definição da
rotina. Em que elas realmente precisam de ajuda? Uma classe de 2 anos
exige mais auxílio – e, logo, muito mais tempo – do que uma outra, de 5
anos. É natural que o professor vá assumindo gradualmente o papel de
observador e facilitador conforme as crianças crescem e já não requerem
tanta intervenção.
fonte:http://naescola.eduqa.me/crianca/por-que-a-rotina-e-essencial-na-educacao-infantil/
fonte:http://naescola.eduqa.me/crianca/por-que-a-rotina-e-essencial-na-educacao-infantil/
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